Wednesday, August 31, 2011

Instruções sobre como me atacar

Êxtase & Agonia - The Ecstasy And The Agony
Olá pessoal
Pode soar estranho, mas esta minha apresentação como o próprio Michelangelo Buonarroti não é motivada pelas características da arte que faço ou por lembranças de detalhes de trabalhos artísticos da outra vida (mas poderia ser). Mesmo que, hoje, eu fosse um fabricante de pranchas de surf (este, sim, era o meu verdadeiro sonho de juventude), eu estaria me apresentando e contando a minha história de vida exatamente da mesma forma. A minha autopercepção como o próprio Michelangelo teve início com a vivência, em 1983, do trauma emocional relacionado à morte de Vittoria Colonna (1490-1547) e suas consequências na atual vida. A minha autopercepção como o próprio Michelangelo não teve como ser destruída ao longo da vida por causa da forma como as coisas aconteceram comigo até hoje.
Preciso esclarecer os fundamentos a minha autopercepção como o próprio Michelangelo para "ajudar" as pessoas que pretendem um dia me atacar mostrando a cara (até agora, só covardes escondidos no anonimato tentaram isso). Inicialmente, devo avisar que me atacar com retóricas destituídas de exemplos e cheias de política do reconhecimento social não vai funcionar por dois motivos simples. Primeiro: a opinião de quem nunca enfrentou um fazer artístico ao menos próximo do meu nunca irá além do discurso leigo. Para que eu reconheça em você o conhecimento para debater comigo, você tem que, no mínimo, desenhar de memória um nu masculino em contrapposto com uma anatomia bem definida em três vistas distintas pelo menos. Caso você realize estes desenhos diante de meus olhos (eu nunca conheci ninguém capaz disso até hoje), acreditarei na sua capacidade de avaliar a minha representação da figura humana. Mas, se você for capaz disso, você vai acabar concluindo que, sim, eu só posso ser o próprio Michelangelo logo que conhecer a forma como crio as minhas imagens. Segundo: é óbvio que eu me retirei definitivamente do jogo social com esta apresentação como o próprio Michelangelo e é obvio, também, que esta atitude apenas evidencia a minha natural postura de vida. Eu sempre vivi fora do jogo de aparências da sociedade e nunca me preocupei com reconhecimento artístico. Ou seja, não adianta ficarem imaginando razões profissionais e vantagens pessoais nesta minha apresentação como o próprio Michelangelo porque estas não existem.
Os incomodados com esta minha apresentação como o próprio Michelangelo que pretendem me atacar em público algum dia devem seguir este roteiro:
1) Pesquisar a fundo as circunstâncias da morte de Vittoria Colonna. Pesquise as descrições históricas do dia da morte dela e veja se há contradições em relação à minha visita ao leito de morte de Vittoria. Se você conseguir provar que eu não estive neste aposento, eu serei forçado a repensar a experiência mística central da minha autopercepção como o próprio Michelangelo.
2) Desenvolver um estudo apurado das causas da morte de Vittoria Colonna. Procure descobrir se ela morreu de causas naturais ou se havia de fato alguma perseguição religiosa contra ela. Se você provar para mim que as minhas suspeitas de assassinato são infundadas, novamente terei de buscar outro sentido para todas as visões que me assombraram a vida desde criança até os anos 1980.
3) Pesquisar referências históricas para saber se havia alguma outra pessoa mantendo uma relação de amizade muito íntima com a Vittoria nos últimos dias de vida dela. Com mais esta informação, você será capaz de colocar em xeque todas as minhas certezas a respeito da minha própria identidade.
O seu maior problema para me atacar, porém, depois de desqualificar todos os fatos históricos que explicam a crise emocional que, em 1983, me jogou em uma tortuosa busca artística, vai ser conhecer a minha vida para rebater todas as minhas interpretações dos fatos. Por isso, entre as muitas investigações que você deverá realizar, você poderia começar com esta:
4) Um longo e exaustivo interrogatório da senhora minha mãe. Pressione-a com técnicas dos esquadrões anti-terror e tente descobrir as razões do comportamento dela diante do que eu vivia nos anos 1980. Particularmente, eu duvido que consiga obter qualquer confissão desta senhora. A absoluta certeza de que ela sabia da minha identidade espiritual desde que eu era pequeno e as circunstâncias deste fato, que explicam a revolta dela com as minhas escolhas de vida, seguirão intactas na minha mente até que alguém me apresente muitas evidências científicas em contrário obtidas de qualquer forma. Reconheço que a investigação da senhora minha mãe é o trabalho mais difícil e perigoso, contudo, o resultado será de extremo interesse meu. Pode contar com a minha ajuda, você, inimigo meu, em tudo o que vier a precisar para esta arriscadíssima empreitada.
Infelizmente, todo e qualquer ataque à minha história de vida vai esbarrar em razões íntimas geradas por acontecimentos que não têm como serem revertidos para desqualificar a minha autopercepção como o próprio Michelangelo Buonarroti. Eu digo "infelizmente" porque eu mesmo tentei me desqualificar por 20 anos e fracassei. Por outro lado, mesmo que alguém conseguisse reinterpretar todas as minhas vivências místicas e reinventar todos os ocorridos nos anos 1980, eu não teria como fugir da presente harmonia conquistada. Desde o primeiro momento desta minha apresentação como o próprio Michelangelo, eu percebi o esgotamento das minhas tentativas de me adequar à sociedade. Viver o presente sem ansiedades existenciais é um estado de alma que levei uma vida inteira para atingir. Foram duas décadas até entender que apenas autocompreensão não bastava. Era preciso saltar na incerteza da compreensão do outro, de você, meu caro inimigo.

Sunday, June 5, 2011

O conceito do livro: explicar o óbvio.

Young Head

Olá, pessoal
O espaço público é o espaço do discurso político. Qualquer ambiente social é um espaço onde nos colocamos de forma política. Qualquer aspecto do nosso comportamento vai compor o nosso discurso político. O registro escrito de qualquer experiência de vida é o mais amplo discurso político que pode ser construído. E eu não queria ser enquadrado em nenhuma corrente política-filosófica-religiosa atual quando apresentasse o livro "Ícaro, Contemplação & Sonho" no espaço público. Não queria porque, se eu me aliasse a qualquer corrente, a singularidade do que vivi não seria expressa. Mas como fazer isso diante de uma experiência de vida que começou com comunicações paranormais (1979) e uma incorporação diante de meus olhos (1980) que foi de tirar o folêgo? E como enfrentar os obscurantismos e os preconceitos contra mim?
Quando passei a me apresentar como o próprio Michelangelo Buonarroti, eu dei o primeiro passo na direção da postura que vislumbrei como a única capaz de expressar a minha experiência de vida. Era a radicalização necessária para me colocar de forma inequívoca no espaço público e começar a construção do meu discurso político. Sem perceber, contudo, eu estava emitindo um ultimato para amizades de longa data e criando um teste de capacitação para as novas amizades. A margem de manobra para os relacionamentos se reduziu enquanto que a minha simples apresentação se transformou em um convite emocional de alcance planetário. E não havia nenhum alinhamento de ideias, apenas a exposição à incompreensão e ao preconceito. Entretanto, dia após dia, comecei a colher as reações a esta minha apresentação e a entender que a minha nova realidade diária seria uma guerra. A guerra para explicar o óbvio que carrego no íntimo contra o preconceito e a estupidez pública e privada da sociedade.
Depois da entrada no espaço público como o próprio Michelangelo, eu tinha a obrigação de criar um livro que escapasse de ser considerado válido por céticos ou crentes. O livro "Ícaro, Contemplação e Sonho" teria que ser rejeitado em algum ponto por todos os grupos sociais e até jogado no lixo pelo mais louco entusiasta da minha história. Esta pretensão não se devia a nenhuma ânsia adoslescente em ser diferente, mas à dificuldade de codificar a minha experiência espiritual sem me alinhar a ninguém. Teria sido muito confortável buscar proteção nas visões de mundo que já estão nas prateleiras, contudo, esta atitude seria absolutamente desonesta comigo mesmo e com o outro. Mas como reunir 30 anos de "conversas" com o meu próprio íntimo e com um sentimento de transcendência que precisei de uma vida inteira para entender verdadeiro? Como explicar as lembranças da infância no meio de experiências espirituais que desintegravam o sentido de identidade da minha vida adulta?
A solução literária foi mergulhar no sentido simbólico das coisas que me aconteciam para tentar revelar a natureza da situação espiritual que tive de enfrentar. Eu precisava traduzir a emoção que me transformou até hoje em falas e pensamentos compreensíveis. Apontei a existência de uma outra dimensão acessível pelo nosso íntimo, visualizei os personagens de lá que dialogavam comigo e, assim, fui arrumando a história ideal para ser o meu discurso político. Seria falsa esta minha conceituação do desconhecido? Seria falsa a história arrumada que conto? De forma alguma! Trata-se tão somente de mais uma apresentação do desconhecido. Trata-se tão somente de mais uma história sendo contada. Afinal, qual história que não é arrumada quando é contada? Quanto ao desconhecido, o meu próprio ato de atribuir sentido àquilo que, antes, não tinha um sentido prévio é uma revelação espiritual desde o início da minha busca por sentido (1983). Mas a certeza de que havia verdade naquilo que eu vivia e a coragem para seguir adiante estava muito além de qualquer reflexão mundana.
Entretanto, existem circunstâncias culturais e sociais que condenam histórias e pessoas antes mesmo de estas serem conhecidas. Além dos preconceitos de praxe, qualquer experiência espiritual depende de um profundo isolamento do indivíduo para acontecer, o que gera ainda mais preconceito. Existe uma situação de vida, que batizei de "obscurecimento pela proximidade", cujos efeitos podem ser notados em diversos tipos de pessoas. Entre os mais afetados por este bloqueio mental, está a família, amigos de infância, indivíduos robotizados pela mídia (muito numerosos), indivíduos robotizados por ideologias, religiões e filosofias diversas. A única possibilidade de abertura mental para estas pessoas seria a opinião de alguém que seja muito respeitado por elas mesmas. O mais provável que aconteça, porém, é que este bloqueio mental, o "obscurecimento pela proximidade", se transforme em "rejeição de recalcado". Aqueles que sofrem desta desconexão com a realidade dificilmente conseguem superar as emoções que os impedem de conhecer aquilo que está debaixo de seus narizes uma vida inteira. E se, algum dia, descobrirem que aquela pessoa/coisa é completamente diferente daquilo que imaginavam ser, é certo que se afastarão em silêncio. As pessoas que sofrem de "obscurecimento pela proximidade" não suportam descobrir como são medíocres como seres humanos. Os exemplos são infindáveis.
O meu livro não foi idealizado para me fazer conhecer pelas pessoas que sofrem de "obscurecimento pela proximidade" e conquistar aceitação social. Eu idealizei o meu livro para expressar o sentimento daquilo que vivi e escancarar a guerra espiritual que está começando. As interpretações dos sonhos e dos fatos em sincronicidade foram elaborados e ajeitados para que eu pudesse construir uma linearidade e explicar o que acontecia comigo. Ao contrário do sensacionalismo das experiências paranormais, optei pela redução do relato à minha tortuosa dimensão íntima. Afinal, qual visão mística pode ser mais explícita do que uma vida inteira desmantelada por uma dimensão espiritual ao mesmo tempo sólida e sútil?
Como eu mesmo reconheci ao final do meu livro, o verdadeiro valor daquela situação de vida ingrata nos anos 1980 e 1990 estava em ser sempre um iniciante perdido em um deserto cultural. Por incrível que pareça, entendi que não havia nada para ser provado como realidade transcendente. Havia apenas uma situação emocional óbvia a ser aceita. Explico: em 1983, depois do início do choro convulsivo pela Vittoria Colonna, este sentimento impossível já havia instaurado uma realidade (transcendente) a ser vivida, e jamais negada. Quando o Henrique me entregou aquele papel com o sonho dele anotado (Veja o filme em http://euricopoggi.blogspot.com/ para entender), a mensagem estava na dimensão emocional que eu havia acabado de descobrir em mim mesmo e não na interpretação do sonho dele. E a dimensão emocional de chorar pela Vittoria estava me dizendo: "Beleza!!! Você é o cara (Michelangelo Buonarroti)!!! Mas quando que você vai contar isso para todo mundo?".
Ainda bem que, hoje, eu posso abrir a minha boca para expressar esse sentimento impossível pela Vittoria Colonna de mãos vazias e de pé sobre uma vida fracassada, caso contrário, eu não teria credibilidade alguma. Ser Michelangelo Buonarroti, que retorna dos mortos, implicou no abandono de todas as minhas tentativas de ser um bem-sucedido e normal Carlos Eurico Poggi, o nome desta vida. Ainda bem que, hoje, eu entendo esta chance oferecida pela incompreensão e o preconceito para abraçar o meu passado e oferecer ao outro a totalidade do que sou. Explicar a profundidade do que vivi deixou em mim um legado que reduziu o meu livro a um momento da jornada íntima. A apresentação como o próprio Michelangelo Buonarroti no espaço público é apenas o meu óbvio discurso político. Explicar a história que me levou a isto é uma completa redundância.

Sunday, March 13, 2011

Desenhando como criança

Apollo - The development of the idea
Olá, pessoal
Depois de anos e anos frequentando ambientes de atividades artísticas, entre aulas para me sustentar, trabalhos diversos e exposições, conheci um mundo de gente e um mundo de visões sobre arte. Eu era um completo estranho numa festa completamente errada para mim. As minhas origens – surfista e, depois, o isolamento para pesquisa da minha identidade espiritual – não tinham nada a ver com os valores e as referências daquelas pessoas. Eu não era um artista como elas nem gostava de arte. Eu não participava das expectativas delas e, por isso, ninguém me interessava ou me conheceu de fato. Mas, como dizia meu pai nos anos 1990, ao ver o meu desgosto pelo investimento feito ao seguir o caminho da arte: "Começou a dançar e namorar com a mais feia, agora, vai ter que casar com a mais feia!". "Mas como é feia essa tal de arte!", concluía eu, para o meu umbigo, engolindo à seco o que a minha vida havia se transformado. E repeti por anos para o meu umbigo: "Eu tenho que aprender a gostar de arte e dessa gente que gosta de arte!".
Era muito estranho frequentar aquelas pessoas. Quem conseguia entender que os meus trabalhos não são reproduções de obras do passado, logo queria saber como eu havia adquirido tamanho domínio de anatomia humana. Esse meu conhecimento chamava a atenção, mas eu nunca sabia o que dizer. A minha trajetória de vida – desenhando como criança em beiradas de cadernos os bonecos toscos surfando, ondas e pranchas, e, depois, a transformação do desenho desaguando na lembrança da Vittoria Colonna – não tinha como ser explicada nem tem nenhuma relação com as expressões artísticas atuais, seus processos criativos e suas didáticas. Como explicar o que não aprendi sem revelar a origem espiritual deste meu conhecimento?
Basicamente, eu conheci três grupos sociais distintos nos ambientes de artes plásticas. Enquanto convivia com os "tradicionais", que acreditam em desenho, pintura e escultura (veneram Courbet, Rodin, Monet, Brancusi, Picasso, Dali, Pollock etc), e os "contemporâneos", que só buscam o absolutamente novo (veneram filósofos e grandes questões de linguagem visual) e defendem suas ideias "novas" com textos, eu também frequentava os "ingênuos", que só querem aprender a desenhar, pintar e esculpir, e lotam ateliês de cursinhos de arte e barracões de escola de samba. Devido à minha ânsia por conhecer a vida sem a identificação do Michelangelo Buonarroti em tudo o que tinha feito em arte e louco por poder viver o que quisesse – sexualmente falando – acabei tendo mais "êxito" entre os "contemporâneos", com a minha "famosa" Performance da Barbie – mas a grana para pagar a modelo de passarela que contratei para personificar a Barbie veio do trabalho em carnaval, com os "ingênuos".
Todo mundo sabe que o século XX misturou o significado da palavra arte com o significado da palavra liberdade, o que não quer dizer que esta liberdade esteja incentivando toda e qualquer iniciativa artística. Hoje existe o imperativo da originalidade inventada. Mas será que esta originalidade define quem merece o rótulo de artista? Nada haveria de errado na obrigação de originalidade se não houvessem pré-conceitos sobre o que é ser original. Por trás do direito de ser livre para expressar o que quiser em arte, a liberdade artística nivelou na superfície formas e pensamentos estéticos de origens distintas e complexidades díspares. O resultado desta absurdamente equivocada visão é que a conquista da liberdade irrestrita na arte formou um pensamento único, ignorante, repleto de fórmulas sobre como ser original para ser artista, cujas ideias de arte estão reduzidas a discursos políticos baseados em conceitos formulados pelos "contemporâneos" e/ou à habilidade social para se autopromover a celebridade. Neste último caso, "tradicionais", "contemporâneos" e "ingênuos" têm seus valores estéticos nivelados quando adquirem grande visibilidade social.
O meu único ponto de contato com estas discussões foi a minha necessidade de frequentar as pessoas dos ambientes de arte. Depois da minha "famosa" Performance da Barbie, eu já sabia que não era artista em nenhum sentido "contemporâneo", "tradicional" ou "ingênuo" do termo. Os 4 anos que passei escrevendo e adorando o meu natural talento para a escrita ficcional me deram o distanciamento necessário para que eu entendesse a óbvia singularidade do meu outro talento: a arte plástica que expresso é apenas um testemunho visual da minha realidade espiritual, que surgiu enquanto eu desenhava como criança em beiradas de cadernos.
Todas as pessoas dos ambientes artísticos que chamei de "tradicionais" buscavam a reprodução do corpo natural, ou como estudo ou como caminho para resultados surrealistas/fotorrealistas que, hoje, dominam a cena da representação da figura humana. Todos tinham como ponto de partida o modelo vivo. Como eu poderia falar da minha arte, como didática, se a origem da minha figura humana NÃO é o modelo vivo? Como falar da minha arte se a figura humana que expresso é construída por sentimento? Como explicar que eu só preciso desenhar como criança para criar os meus nus? Mesmo assim, esses que classifiquei como "tradicionais" costumavam repetir conselhos para mim do tipo "para eu me soltar" (seguindo aquele bordão imbecil dos modernistas sobre o que seria um desenho mais solto: menos informação anatômica e menos referências no passado). Mas quem precisava se soltar na representação do modelo vivo eram eles, não eu. Eu só preciso do meu rabiscar de criança para construir imagens da minha alma. Quem ainda tem que achar a própria alma para soltar o desenho são eles, os "tradicionais", não eu!
Quando era pressionado pelos "tradicionais" a explicar a minha arte, dizia que, para aprender o meu tipo de representação da figura humana, é necessário domínio intuitivo completo da anatomia humana e domínio intuitivo do equilíbrio do nu em contrapposto (pré-requisitos que nunca encontrei em ninguém até hoje), e muita gente desdenhava da minha explicação sem sequer saber do que estava desdenhando (A linguagem do nu em contrapposto está definida na internet como uma simples postura do corpo (?!?!), e como tendo sido resgatada por Donatello, Leonardo Da Vinci e eu (Michelangelo Buonarroti). É muito estranho que uma simples postura de corpo precise de grandes artistas para ser entendida e resgatada. Mas… Donatello??? Só com aquele Davi ridículo??? Mas… Da Vinci??? Só com aquele desenho??? PQP!!! Por essas afirmações percebe-se que a compreensão do nu em contrapposto perdeu-se no tempo. A música por trás de um nu em contrapposto é coisa da minha época na Italia renascentista).
Entretanto, na relação com os "contemporâneos" havia muito mais atrito. A minha natureza íntima (um surfista que foi surpreendido por uma auto-compreensão não codificada pela atual cultura humana), mesmo mantida em segredo, batia de frente com a arrogância intelectual das pessoas deste ambiente artístico. O deboche com o estilo de vida do meu esporte, o surfe, foi decisivo para que eu nunca mais frequentasse esses grupos de arte (faltou muito pouco para que eu arrebentasse a cara de duas pessoas). Mas o deboche comigo, após abrir a minha realidade espiritual, também encerrou a minha vida social com os outros grupos. Devido à minha disposição para a reação violenta e sem limites, não há mais retorno possível àquela situação de um estranho na festa errada. Hoje, só frequento ambientes de arte por motivo de trabalho e sendo bem pago para aturar estupidez.
Após todos esses anos, eu entendi que não faz nenhum sentido sair do meu universo pessoal. Só porque trabalho com arte não quer dizer que eu queira ser um artista aos olhos da sociedade. E só porque eu não sou esse artista, não quer dizer que não deva expressar a minha arte. Eu nunca vou parar de desenhar como criança em beiradas de cadernos e pedaços de papel. Mas, sempre que eu desenhar, estarei seduzido por algum sentimento de transcendência: ou movido pela lembrança da Vittoria Colonna, ou buscando visualizar no traço a saudade do fazer artístico da minha primeira vida. A arte que eu faço não tem nada a ver com a arte atual. A arte que faço é e sempre será um ato de autorreconhecimento da minha identidade Michelangelo Buonarroti e um testemunho visual da minha experiência espiritual.

Thursday, March 3, 2011

25 de fevereiro de 1983 - O esfacelamento da realidade

25 de fevereiro de 1983 - O esfacelamento da realidade
Olá, pessoal
Não tem natal, ano novo, nada. Para mim, todas as datas comemorativas não passam de ordem unida de uma sociedade bêbada de artificialidades para suportar o próprio porre semanal de vazio existencial. Não pensem na própria alma em espelhos eventuais e nem meditem sobre nada do que escrevo aqui, pois não quero ser acusado de incentivo aos prováveis suicídios. Vamos torcer pelas abstrações tradicionais, pelas abstrações da sua faixa etária (de acordo com seu grupo social, claro) e mentalizar os resultados das pesquisas de marketing para entendermos a vida! Façam isso, sim! A felicidade está, sim, na imagem social porque os mistérios da condição humana só podem ser compreendidos com incontáveis viagens ao exterior. Pelo menos, é isso o que muitos sugerem, entre arrotos ensaiados de suas próprias superficialidades. "Aquilo que eles consideram realidade humana se esgota nos valores de consumo do outro, da sociedade!… PQP… Como podem viver assim?… Não… Não é possível… Isso deve ser só para manter a imagem… Só pode ser…", me espanto, sempre.
Como eu poderia voltar à realidade da vida presente, e ir torcer no maracanã, por exemplo, carregando um fardo de vivências que pulveriza a minha percepção do agora? Como??? No último post, eu apresentei a transcendência que me conduz através do tempo e que, até hoje, não apresentou uma única oscilação em seu desconcertante sentido. Mesmo quando eu lutava contra a ideia de "ser" Michelangelo Buonarroti e lutava para "ser" Carlos Eurico Poggi, julgando tudo pela lógica rasa da vida em sociedade, nunca deixei de notar quão infantil é a ilusão coletiva que rege o jogo de aparências. E sempre me perguntava: "Como conseguem acreditar nessas padronizações? Expectativas materiais e desejos codificados traduzem toda a natureza humana??? PQP!!!". Não me admira que tudo acabe sendo explicado por sensações químicas e realizações biológicas.
Meus pontos de contato com o mundo exterior não podem mais ser vividos dentro da ordem unida da sociedade. Por mais que eu descreva as experiências que vivi no absurdo ano de 1983, nem de longe vou conseguir mostrar o esfacelamento da realidade que enfrentei, e continuo enfrentando, por ter a vida ocupada pela transcendência que se mostrou inteira para mim até dezembro daquele ano. A última definição que escutei sobre o meu caso – "estigma religioso" – é mais uma tentativa de redução a normalidades conhecidas. Contudo, não poderia fechar a semana dedicada à Vittoria Colonna sem voltar àquele começo de semestre. Os momentos que antecederam a lembrança da Vittoria na banca de jornal da Rua Real Grandeza foram meus últimos minutos como "Carlos Eurico Poggi" ainda dentro do cenário de sua vida original. Nunca vou esquecer do que eu pensava e da firmeza dos meus passos na calçada que, sepultando a estranha arte renascentista vinda do nada, optava pelo rumo seguro da vida conhecida.
Até aquele final de fevereiro, quando finalmente eu descobri um livro que atestava a verdade da minha emoção ao lembrar da morte da Vittoria (não há como ter certeza que eu tenha encontrado esse livro exatamente em 25 de fevereiro), por mais experiências estranhas que já tivesse vivido, nunca tinha perdido o foco da realidade do mundo e suas urgências materiais. Naquele momento, porém, como explicar a mim mesmo as crises de choro pela simples pronúncia do nome Vittoria Colonna? Crises de choro que, 17 anos depois, ainda ocorreram! Como explicar apenas este transtorno emocional? Não havia consciência mundana que pudesse resistir a descontroles sem origem na presente vida. Não havia consciência mundana que não percebesse a lógica de algo que transcende, sem nenhum esforço da imaginação, a ordem do mundo.
No último post, eu expliquei o absurdo que tenho vivido ao falar que "existiu" um "Carlos Eurico Poggi", em outro "universo possível", cuja vida nada teve a ver com a minha atual. Sei que isto soa como arrependimento das "escolhas" que fiz na vida, mas não é. (Diante da lembrança da Vittoria e suas consequências emocionais, vocês acham que eu tinha escolha???). Se hoje estou à vontade para revelar algo tão controverso como esta minha percepção, sobre um suposto "Carlos Eurico Poggi" original e sua suposta vida original, ignorando a lógica óbvia da nossa existência, só posso estar sendo movido por experiências que comprovam o que estou dizendo.
Em 1983, depois da lembrança da Vittoria em fevereiro, aconteceu o segundo ponto-chave desta minha história. Três meses depois, eu abordei a tal Mônica por causa da identificação da Vittoria que ela havia provocado em mim. Assim que expressei para ela uma ideia que transcendia o tempo normal de uma vida humana – quando afirmei conhecê-la há 400 anos – começou a sequência de visões e sonhos premonitórios que revelavam a nova trajetória para a vida do "Carlos Eurico Poggi". Até hoje, não houve uma única falha na sequência dos "momentos-futuros" traduzidos de forma simbólica naquelas visões e sonhos premonitórios. Como só faltam três "momentos-futuros" por acontecer (o antepenúltimo começou em 2008), cujo tempo de duração não tem como ser previsto (o "momento-futuro" mais curto durou dois anos e o mais longo, dez), não há mais como duvidar de nada daquilo que vivi nos anos 1980.
Uma compreensão mais profunda não sugere a minha condenação a um exato determinismo, ou destino, mas a um círculo vicioso movido pela ilusão de viver a vida normal do "Carlos Eurico Poggi". A minha realidade íntima estava congelada na emoção pela Vittoria, e as visões e sonhos premonitórios apresentavam "momentos-futuros" em que a solução para esta situação apareceria diante de mim. Esta solução, do enigma emocional representado pela Vittoria Colonna, era contar para todo mundo o que aconteceu comigo, em 1983, que me levou ao caminho da arte. O descongelamento da minha realidade íntima dependia de eu me aceitar por inteiro. A apresentação como o próprio Michelangelo Buonarroti vivendo através da vida do infeliz "Carlos Eurico Poggi" era o remédio amargo diário que eu teria que estar engolindo desde então. O arrependimento que existe em mim é não ter começado a fazer isto antes de ver a destruição que seria imposta pela vida a todas as minhas iniciativas nos últimos 20 anos.
Diante deste texto, duvido que aqueles, com um mínimo de inteligência e sensibilidade, ainda possam achar que existe alguma loucura no que estou fazendo hoje. Estou apenas agindo de acordo com a minha realidade íntima, cujo sentido mostrou-se inabalável por décadas, por mais que eu a tenha atacado com as ideias de livre-arbítrio e acaso que a sociedade mundana nos impõe como verdades absolutas.
Como compreensão definitiva, acho que nunca existirá regras ou leis que padronizem a existência humana. Jamais haverá como entender tudo o que acontece conosco. E nem devemos tentar.

Tuesday, February 22, 2011

25 de fevereiro de 1979 - O início do absurdo

25 de fevereiro de 1979 - O início do absurdo
Olá pessoal
Prosseguindo com a minha postura de viver abertamente o meu passado – já que fez tão mal para a saúde guardar segredo, no sentido de como as coisas aconteceram na minha vida –, aqui estou eu para falar um pouco do dia 25 de fevereiro, data da morte de Vittoria Colonna. Sempre que esse dia se aproxima, coisas estranhas acontecem, não tenho como evitar de sentir a presença dela e a vida volta a mergulhar em uma saudade devastadora. Talvez, esta minha exposição pública de segredos seja até uma forma de me defender do sobrenatural. A dimensão mística dos finais de fevereiro que já vivi são muito assustadores.
Pessoas que se interessam por espiritualidade e paranormalidade sempre querem escutar de mim uma explicação definitiva sobre como o fenômeno espiritual acontece comigo. Para esclarecer isso, nada melhor do que voltar a 25 de fevereiro de 1979, um belo domingo de sol, e entender como aquele roubo da minha prancha revelou o absurdo que eu começaria a enfrentar.
Assim que a situação do roubo teve início, enquanto eu corria na areia quente, além daquelas comunicações de outra dimensão que escutava, uma percepção muito profunda sobre aquele momento tomou a minha mente com o impacto de um soco na cara. O chocante naquela situação do roubo da prancha não foram as "vozes" sobrenaturais. O meu choque veio da incompreensível certeza de que o roubo não tinha acontecido na vida que eu "sabia" que viveria como Carlos Eurico Poggi. Eu sei que esta afirmação não tem lógica, mas eu tinha absoluta certeza de que, em um outro "universo possível", a prancha não foi roubada e ela se tornou um sucesso técnico que me lançou definitivamente como fabricante de pranchas.
O mais incrível, depois do roubo, foi assistir a lenta transformação de fatos da minha vida que eu "sabia" que dependiam da existência da prancha roubada. Eu "sabia", sei lá como, que eu faria uma prancha quase idêntica a um amigo da turma da rua, que era um ótimo surfista, cujo sucesso em um campeonato daria visibilidade para o meu talento como designer de pranchas naquele ano de 1979. "Mas não há mais prancha para eu copiar as dimensões!", me desesperei, quando me vi na situação que "sabia" que viveria. Pasmo, assisti a outro fabricante fazer uma prancha parecida para este meu amigo, que mandou bem no tal campeonato, como eu "sabia" que aconteceria. E assim, aos poucos, a vida feliz e bem-sucedida que eu "sabia" que viveria como Carlos Eurico Poggi foi sendo "modificada".
Hoje, três décadas depois, a estranheza com tudo ao meu redor continua. Apenas os fatos "modificados" da suposta vida original do Carlos Eurico Poggi original não acontecem mais diante de mim, porque o Carlos Eurico Poggi original não estava aqui, no Rio de Janeiro, aos 50 anos de idade, quando as coisas aconteceram originalmente naquele outro universo possível. Bizarro? Com certeza! Mas incrivelmente verdadeiro! É possível, inclusive, perceber resquícios do suposto Carlos Eurico Poggi original no comportamento das pessoas que estariam envolvidas naquela suposta vida original dele. Tenho amigos que simplesmente não enxergam e/ou ignoram a minha vida atual e ficam repetindo perguntas sobre a minha vida de surfista como se nada de diferente tivesse me transformado ao longo dos anos. Essas pessoas, com suas percepções inexplicavelmente congeladas, para mim, são a prova viva de que realmente existiu um outro universo onde a minha prancha não foi roubada em 25 de fevereiro de 1979.
De uma forma que não sei explicar como, sinto que a vida original do Carlos Eurico Poggi original está, sim, pré-gravada no meu inconsciente profundo. Para meu desespero e agonia, às vezes, sou capaz de ver cenas da vida original se desenrolando como um truncado filme mudo. Mas cada vez menos me reconheço nessas supostas cenas da suposta vida original. Contudo, para controlar a angústia e enfrentar o dia a dia de uma vida "modificada", na qual não existe mais o Carlos Eurico Poggi original, procuro manter contato com o mundo do surf.
Em 1983, quando a lembrança da morte da Vittoria Colonna revelou a identidade da minha alma – e descobri o significado do 25 de fevereiro – o difícil foi aceitar que eu não era a mente biológica batizada de Carlos Eurico Poggi, que estava sendo arrancada de sua vida original. Depois, em 1986, diante das revelações dos limites da minha vida por ser o que sou – uma existência terrena entregue à alma de Michelangelo Buonarroti para que ele reencontre Vittoria Colonna (seja lá o que isso signifique) –, simplesmente não aceitei que não poderia viver livremente por não ter a alma do Carlos Eurico Poggi original. Não quis nem saber e resolvi que seria um Carlos Eurico Poggi qualquer em uma vida reinventada. Em 2008, completamente esgotado, depois de 20 anos arrebentando a cara contra a muralha que limitava a minha vida por eu ter a alma de Michelangelo Buonarroti, eu desisti de tentar ser um Carlos Eurico Poggi qualquer.
No meu último 25 de fevereiro, de 2010, sem saber eu escrevi o texto mais intenso de toda a minha vida, chamado "A Confissão", com o qual eu fechei o meu livro "Ícaro, Contemplação & Sonho". Nesse texto, no qual expressei o arrependimento de uma vida inteira lutando contra a realidade de uma emoção que tudo transcende, está a síntese de todos os 25 de fevereiro. Nesse texto está a explicação definitiva sobre a minha pessoa, a minha vida e a minha experiência espiritual: eu sou a encarnação do amor do Michelangelo Buonarroti pela Vittoria Colonna. Apenas isso.

Thursday, January 13, 2011

ASCENSIO MARIAE!!!

Ícaro - Estrutura geométrica
Olá pessoal
Agora, sim, vai dar para começar alguma discussão sobre a natureza do que eu vivi. Ficar respondendo a curiosos que tentam me enquadrar em teorias, crenças e estruturações racionais diversas é muito chato. Agora, diante de um conciso relato escrito da minha trajetória de 1979 até 2008, a discussão será bem mais produtiva e consequente.
A minha opção ao organizar o livro foi criar um texto didático e explicativo. Assim que uma experiência ou sonho é descrito, a compreensão da época do ocorrido é sempre seguida da elucidação dos significados pela clareza da minha consciência atual. Dessa forma, acredito que não haverá como ninguém ficar perdido na narrativa. As incompreensões que sofro até hoje foram as responsáveis por esta solução na criação do livro.
O meu limite na hora de contar o que eu vivi foi definido por duas condicionantes: a minha vida privada atual e o entendimento médio das pessoas. O único conceito de psicologia do qual faço uso e cito um autor de referência é sobre a ideia de sincronicidade, cujos estudos de C.G.Jung são famosos. Contudo, vale lembrar que a compreensão da realidade através da conexão sincrônica de eventos físicos e espirituais é a base de todas as culturas ancestrais.
A impressão imediata do leitor que viu o meu filme doc "Ícaro, Contemplação & Sonho" é que o vídeo não passou de uma curta apresentação de situações. O alívio que sinto de poder narrar aquelas passagens de uma forma mais completa é indescritível. A minha sensação é de estar implodindo o castelo dos vampiros com o sol à pino. Muita gente vai virar pó. Sei que estou chutando a cara de certos tipos com este livro, mas não há como evitar isso. Escrevi o mínimo necessário para me explicar e já contabilizei os problemas pessoais futuros.
Fiz a defesa da minha arte da única forma possível: colocando-a como uma natural continuação do meu trabalho na vida italiana, mas limitada pela emoção ligada à Vittoria Colonna, que molda a realidade da vida atual. E vamos ser sinceros, não havia como eu me apresentar como Eurico Poggi tendo em mãos o que produzi. Os julgamentos errados a meu respeito, quando apresentava meus desenhos e esculturas, apenas atestavam o óbvio: o autor se chama Michelangelo Buonarroti.
Agora, permaneço aguardando para ver quem vai me enfrentar no inevitável debate: "Eurico Poggi é ou não é Michelangelo Buonarroti em sua segunda vida?". Venha quem vier contra mim, não duvide de que vai encontrar aqui uma pedreira sem fim e que não vou ser nem um pouco elegante nas minhas respostas. Não ligo a mínima para o que vai acontecer comigo e o meu último objetivo neste final de vida é provocar o maior estrago possível na concepção de mundo desta sociedade babaca que tanto me agrediu.
É óbvio que toda a argumentação sobre a expressão da minha arte escultórica, na qual busquei avaliar o quanto eu seria "Michelangelo de novo", vai ser obscurecida pela minha resumida explicação do teto da Capela Sistina. A arte escultórica é muito complexa para o entendimento leigo, mas a explicação da Sistina é clara e cristalina. Apesar de ter economizado nas palavras o suficiente para deixar significados em aberto (e faturar depois com uma segunda edição turbinada e/ou meter porrada verbal nos intelectuais otários), o que está no livro é suficiente para obrigar a reescrita de todos os livros sobre as famosas pinturas do teto. Pessoalmente, eu não acredito que, até hoje, ninguém tenha entendido o sentido por trás daquelas imagens e suponho que a atual incompreensão seja coisa desta época em que vivemos, cujo conhecimento descarta qualquer visão mística ou até alguma censura orquestrada pela Igreja Católica. A partir deste momento, quando publico o livro, começo a contar quanto tempo vai levar para que o meu pequeno texto seja levado a sério. Eu sei que esta minha apresentação como o próprio Michelangelo é uma barreira e tanto, dependendo do quanto a pessoa for conservadora e preconceituosa, mas isso não será desculpa diante do que revelei no livro.
Porém, muito mais do que transgressora e provocativa, esta minha apresentação como o próprio Michelangelo é, sim, uma declaração de guerra ao senso comum do planeta Terra globalizado atual. Desde o dia em que decidi fazer isso, imagens bélicas passaram a desfilar na minha mente enquanto o início da guerra espiritual era imediato, com ataques vindo de todos os lados. A vida estava definida: jamais haverá retorno desta situação em que mergulhei – as minhas "caravelas já foram todas queimadas" (Ver "Cortez" na "Conquista do México"). Este livro é a minha "barcaça de transporte de tropas atingindo a praia de Omaha" (Ver "Dia D" na "2ª Guerra Mundial"), sei que as rajadas das metralhadoras e as explosões contra mim nunca cessarão, mas não vai haver defesa contra o meu avanço simplesmente porque não tenho outra escolha! O tempo que me resta de vida vai engolir todo tipo de gente babaca porque a profundidade do que eu vivi não oferece nenhuma saída racional! Transformado, agora, em ataque permanente pela minha exposição pública, o tempo está a meu favor (Ver o livro "A Arte da Guerra", de Sun Tzu). Passei uma vida sendo bombardeado e recuando meus exércitos porque nunca quis essa guerra. Não a queria porque a vida que eu desejava era outra. Mas os meus batalhões de infantaria, divisões de tanques, esquadrilhas de caças e bombardeiros, porta-aviões, mísseis, fragatas, satélites e o caralho, depois de todas as agressões que sofri, estão intactos. Agora, galera, começo a revidar sem dó nem piedade! Não vou poupar ninguém e vou usar toda a munição que tenho guardada!
Aos senhores doutores, políticos e corruptos de filosofias de vida e religiões diversas, que definem onde está a objetividade do real e formatam misticismos para a sociedade global, quero dizer que fiz de tudo para me adaptar às suas exigências e terminar a minha vida em paz, calado, esquecendo transcendências e segredos. Mas isso não foi possível pela estupidez intrínseca ao mundo de vocês. Agora, senhores doutores e etc, sejam espertos e continuem me ignorando – é a única saída digna para vocês. A realidade revelada pela minha trajetória de vida se torna mais nítida sempre que é atacada pela racionalidade vazia. Se tentarem me desmistificar com retóricas acadêmicas, a realidade revelada pela minha trajetória de vida vai fugir do controle! – Estão vendo como sou um cara legal ao avisar sobre isso?
Entretanto, se algum dia eu tiver que vir a público para explicar o que "Ascensio Mariae" tem a ver com tudo isso será porque a questão central da guerra espiritual "Eurico Poggi é ou não é Michelangelo Buonarroti em sua segunda vida?" terá se tornado uma porrada mundial, o resultado deste bate-boca será o lançamento de um míssel balístico intercontinental e não vai sobrar NADA da "cidade" alvo. (Sugestão deste blog: salvem ou imprimam este post para a posteridade).