Saturday, February 25, 2012

Pela última vez: 25 de fevereiro

Pela última vez: 25 de fevereiro / For the last time: 25th of february Há exatos cinco anos eu começava a abrir a minha história de vida de uma maneira desesperada: apresentando-me como o próprio Michelangelo Buonarroti para quem estivesse ao meu lado e explicando o porquê disto. O meu desespero era para salvar tempo de vida, pois já estava óbvio que a experiência espiritual de 1983-1987 era verdadeira e eu sabia do destino horrível que se consumaria caso continuasse calado. Contudo, só agora começo a entender a exata transformação que teve início desde então. Mergulhado no inútil esforço de explicar o que aconteceu comigo na década de 1980, sem perceber, eu me reconectei com algo muito íntimo, congelado em 1979, naquele fatídico 25 de fevereiro, quando uma voz do além me revelava o porquê daquele horrível momento (Vejam uma parte do filme para entender: http://michelangelo00.blogspot.com/2011/07/introduction-1979-footage-1-from-icarus.html ). Entretanto, uma vez aceito o propósito espiritual da minha vida, as ilusões que me fizeram andar em círculos por décadas desapareceram. E o meu último grande engano, a ilusão de ser compreendido pela forma como eu interpreto os fatos da vida, desmoronou hoje, definitivamente, para dar lugar à solução conceitual oferecida pela palavra "Deus". Hoje entendo que tentar explicar o inexplicável sem buscar respostas em "Deus" é condenar a própria fala à incompreensão. Não existe abordagem do real desprovida de razão emocional e este meu strip-tease espiritual não é nada óbvio nas suas razões. A única lógica que torna aceitável o que vivi é a mais básica mistificação religiosa que tudo explica pela crença no divino, no sagrado, ou em "Deus". Mesmo achando que esta rendição à cultura popular destrói a beleza e a profundidade da experiência espiritual que me envolveu desde criança, tenho que reconhecer que o significado dos sonhos, visões e situações é, e sempre será, algo hermético para consumo interno meu. A solução oferecida pela palavra "Deus" encerra esta minha fase de luta por compreensão e joga a "bomba" espiritual no colo dos incautos que trombam com a minha presença no espaço público. Todas a pessoas, absolutamente todas, constroem os seus julgamentos baseados na opinião de quem está em alguma posição social de relevância, mas esta normalidade desaparece diante da palavra "Deus". Muralhas de preconceito e ignorância são anuladas se o julgamento que me conduz deixa de ser meu e passa a ser atribuído à inspiração de "Deus". Apresentar a minha história como um diálogo com "Deus" (o que nunca deixou de ser) é muito mais simples e a minha postura passa a ser totalmente compreensível. Reparem só como fica claro: Em 1983, num mesmo final de fevereiro, "Deus pediu que eu revelasse o meu nome: Michelangelo Buonarroti". O triângulo que aparecia ao lado da a minha assinatura, "Carlos Eurico", naquele ano, apontava tão somente para o que havia de errado em mim: o meu nome. (Vejam uma parte do filme para entender: http://michelangelo00.blogspot.com/2011/08/19831-footage-5-from-icarus.html ). "Deus" voltou inúmeras vezes a me colocar nesta mesma situação onde a solução para a minha vida era a revelação do meu nome espiritual, eu sabia disto mas não admitia viver desta maneira, em confronto total com a ordem do mundo, por mais provas da minha identidade que eu já tivesse em mãos. Hoje, dia 25 de fevereiro de 2012, pela primeira vez, a lembrança da morte da Vittoria Colonna deixa de ser o famoso buraco negro que engoliu a minha vida inteira para se tornar apenas o que realmente é: um triste momento deste universo. A lembrança do traumático 25 de fevereiro de 1547, vivido por mim em outra vida, esgotou o seu propósito: a minha identidade espiritual, e seu famoso nome, é apresentada todos os dias, assim como a sua história. Não há mais por que sofrer, pois já entreguei ao outro a tarefa de entender a verdade humana que eu carreguei em silêncio por quase 3 décadas. A sensação de deixar para trás a revolta pela morte da Vittoria é de absoluta leveza. Agora, nesta rotina diária de me apresentar como o próprio Michelangelo Buonarroti, dolorosas lembranças da Vittoria desde a infância deixam de ser a explicação da minha postura. Apresentar-se vivendo uma "imposição de Deus" desconstrói o jogo do reconhecimento social e dá nitidez à oposição de fundo político que existe contra a minha presença no espaço público. De agora em diante, ao invés de falar da Vittoria Colonna, de sonhos premonitórios e da pesquisa para definição da assinatura visual da minha identidade, digo apenas que o meu tempo de vida foi consumido em uma inútil queda-de-braço com "Deus". De agora em diante, ao invés de armadilha ardilosa contra desafetos do passado, a minha vida será metade do "Homem" (Deus) e metade da "Máquina" (cultura popular). De agora em diante, a minha vingança não é mais minha, é da realidade espiritual que vivo, expressão natural da transcendência de… "Deus".