Saturday, October 2, 2010

Se autopromovendo a "maluco".

Sacred Family - Sagrada Família
Olá pessoal
Estou a poucos dias de finalmente ver meu livro à venda. Nessa primeira edição, nem me passa pela cabeça qualquer margem de lucro, apenas o alívio de ter um registro escrito daquilo que eu vivi. Quem se interessou pelo meu filme documentário "Ícaro, Contemplação & Sonho" rapidamente vai perceber que aquela minha fala não descreve nem 0,001% do mundo espiritual que me envolveu. Ao contrário do clima do filme – que não passou de uma simples conversa de bar – o leitor vai verificar que todas as experiências sobrenaturais narradas foram completamente compreendidas há quase duas décadas. Apesar de continuar me preservando e, por isso, censurando muita informação, dessa vez – e isso eu garanto – não haverá mais espaço para qualquer especulação em torno da identidade da minha pessoa.
Contudo, muitas dúvidas referentes à natureza do que eu vivi não passam de pura ingenuidade e falta de sensibilidade. Poucas pessoas percebem o óbvio por trás da minha repentina atitude – em 2008 – de abrir um passado repleto de estranhezas. Existe uma pergunta simples que muitos não fazem e preferem partir para o ataque imediato contra mim – principalmente os espíritas. Como ninguém tem coragem de me fazer essa pergunta, eu mesmo a farei:
Por que eu abriria uma tortuosa e absurda trajetória de vida, onde só existem fracassos profissionais, afetivos, uma juventude destruída e, depois disso, ainda me apresentar como o próprio Michelangelo, me autoproclamando um famoso personagem da História?
O que será que eu estou ganhando com isso?
Todo mundo conhece aquela imagem clichê de maluco que se proclama Napoleão Bonaparte e esse foi o primeiro comentário que escutei por terceiros. Infelizmente, até agora ninguém escreveu nada a respeito da minha sanidade mental em um espaço público, que eu pudesse imprimir para poder entrar com uma ação na justiça por danos morais. Então, fica claro que este tipo de ataque é uma reação de ignorantes. Apenas isso.
É óbvio que estou aqui, neste blog, para vender o meu livro. Mas será que uma publicação por demanda, cujo preço é caro e a divulgação, nenhuma, pode valer tanto empenho e exposição pessoal? Claro que não! Então, está na cara que a razão não pode ser esta.
Poderia ser a venda de quadros e esculturas? Infelizmente, nunca consegui ter uma produção e clientes para esta minha arte porque precisei me modificar e esconder a minha identidade renascentista para me adequar ao mundo e sobreviver. Eu estou tentando retomar o meu trabalho artístico original e conquistar algum mercado, mas não vejo como a minha história possa me ajudar nisso. Pelo contrário, ela vai atrapalhar. E muito.
Mas essas especulações sobre um suposto lucro imediato não fazem o menor sentido quando se verifica em que época aconteceram as principais experiências sobrenaturais: a década de 1980. No livro, inclusive, o leitor vai notar que, desde 1988, eu tentava algum tipo de solução de vida dita normal. No início dos anos 1990, quando me preparava para me apresentar como "artista plástico" – algo que nunca quis – pessoas próximas sempre me alertavam para eu esconder o lado místico da minha experiência em arte porque, caso contrário, eu jamais seria aceito em nenhum ambiente. Agora, 2010, essas mesmas pessoas, ao verem o empenho com que eu divulgo o meu lado místico, imediatamente concordam que "o Eurico está fazendo a coisa certa". A merda nessa história é que quem se fodeu fui eu. Mas vou esperar a hora certa de mandar certas pessoas tomarem no cu.
Todavia, nesta mudança de ponto de vista, fica claro que o que seria uma maluquice no início da década de 1990, para quem assistiu de camarote ao que eu passei, em 2010, não é mais maluquice nenhuma. Agora, trata-se tão somente de sensatez mundana. Afinal, o que fazer com mais de 5 mil imagens, entre desenhos e fotos, e uma história pessoal de tirar o fôlego? Jogar tudo no lixo? Deixar as traças destruírem tudo aos poucos? E o que dizer do meu fazer artístico que continua intacto? Então? Que atitude você teria no meu lugar?
Porém, não acho necessário que a pessoa me conheça há anos para entender o óbvio por trás da minha atitude e, por conta disso, entender a verdade que carrego comigo. Pelo fato de ser professor de faculdade e profissional de escultura de isopor em barracão de escola de samba, eu tenho contato com pessoas de todas as camadas sociais. Em 2008, quando distribuia os DVDs com o filme "Ícaro, Contemplação & Sonho", fui obrigado a escutar todo tipo de comentário. Jamais vou esquecer a expressão de espanto de um sujeito semi-analfabeto que mal me conhecia. Após ver o filme, ele me disse:
– Poggi, não há a menor condição de você ter inventado essa história!
Enquanto isso, na faculdade, um professor titulado (espírita) me chamava de maluco para os alunos dele. E, como esse idiota, existem muitos robôs culturais cujo pensamento boçal revela uma estreiteza inacreditável.
A maior expressão de ingenuidade, contudo, veio de alguns crentes espíritas. Segundo eles, eu tenho que estar preparado para "não ser Michelangelo". E fica a questão: se eu quisesse "ser Michelangelo" por que eu esperaria 20 anos para me apresentar dessa forma? Mas essa explicação não os convencem. São um bando de retardados de olhos esbugalhados de desejo de serem uma "celebridade do passado", sem sequer imaginar como é isso na realidade da vida. Pois fiquem sabendo que, por mim, teria destruído todo o meu acervo e morrido calado. Estou aqui me abrindo porque sou parte de um trabalho espiritual que suas mediunidades não alcançam. Minha onda é outra. Para vocês, fica uma sugestão: peguem o "Michelangelo" do sonho espírita de vocês e enfiem nos seus rabos mediúnicos.
Prefiro mil vezes continuar me autopromovendo a "maluco" do que concordar com a mediocridade de quem vive em busca do conforto de algum tipo de senso comum. Quero ser perseguido ou ignorado pelos grupos diversos e poder desfrutar do privilégio de esfregar na cara de gente babaca a singularidade daquilo que vivi.

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