Wednesday, May 29, 2013

O Segredo de Cassandra

A execução do desenho em menos de cinco minutos foi testemunhada por um amigo da família que estava fumando na janela atrás de mim. Outro amigo, que era artista, não acreditou na velocidade em que fiz o desenho e disse que eu trouxe de casa já feito. Mas o cara que estava fumando atrás de mim interveio afirmando que era verdade e mostrou o cigarro ainda aceso: "Eu comecei a fumar este, ao mesmo tempo que ele começou o desenho".

Olhando para este desenho hoje (eu prefiro aqueles com as figuras distorcidas do início dos anos 1980) a única coisa que vem à mente é o processo de auto-descoberta e o início do escárnio e do deboche contra mim por dois grupos de pessoas: aqueles do ambiente de arte e os "Espíritas".

Era fácil zombar de mim quando nos meus 20 anos. Eu estava muito confuso sobre o que estava descobrindo no meu íntimo, logo, não havia como reagir às agressões verbais. Os Espíritas eram os mais perturbados com a minha presença. Sempre elaboravam alguma ginástica mental para apresentar uma razão lógica para provar que eu não sou a reencarnação de Michelangelo Buonarroti. Os Espíritas se consideram os donos da reencarnação e do contato com mortos famosos do passado.

Contudo, após o desenho feito na festa da minha avó, eu tive a primeira lembrança clara de minha vida como Michelangelo Buonarroti (descrito na imagem "O Segredo de Cassandra"). Eu mal sabia quem era a "porra do Michelangelo", mas a lembrança não deixou espaço para mal-entendidos. Não era apenas um momento íntimo lembrado. Era a MEMÓRIA CHAVE para lembrar tudo o que eu tinha feito no teto da Capela Sistina. Sem lembrar que a Síbila de Delfos é Cassandra eu nunca iria encontrar a prova deixada pelo meu eu passado.
Resumindo: quase dois anos antes da lembrança da morte de Vittoria Colonna, eu já sabia que era o próprio Michelangelo, mas decidi manter esta auto-percepção como um segredo. A reação violenta contra mim (como se eu fosse um judeu na Alemanha nazista) pelas pessoas que mencionei estava sempre me lembrando que a minha verdade interior era uma afronta à sociedade. Mais tarde, eu iria batizar essa situação como o "Segredo da Cassandra".

No final dos anos 1980, eu desisti de fazer registros sobre o esquema original do Teto da Capela Sistina. O motivo era simples: como eu iria explicar aos outros o que eu sabia? Mas, mesmo assim, eu tentei explicar só para ver as reações. E todos sempre terminavam rindo de mim. Aqueles do ambiente de arte e os "espíritas" debochavam de mim como sempre, ridicularizando a minha arte e minhas "fantasias" sobre o teto da Capela Sistina. "Você não tem como provar nada!!!" – diziam eles, às gargalhadas em meio a galhofa.

Hoje, eu ADORARIA de ver aqueles, do ambiente de arte e os espiritas, zombando de mim no espaço público.

Detalhe: os historiadores e pesquisadores nunca encontraram nenhuma pista sobre onde me inspirei para retratar a "Sibila de Delfos", ou melhor, a minha Cassandra. Mas encontrei um registro de Giorgio Vasari mencionando a possibilidade da "Sibila de Delfos" vir a ser uma referência à Cassandra. Será que ele me escutou falando sobre isso??? Ele não era um amigo íntimo.

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